domingo, 30 de novembro de 2014

Jovens se interessam cada vez mais pela fotografia

História de jovens talentos da fotografia são parecidas, eles começam com câmeras modestas e passam a publicar as imagens na Internet e conviver com fotógrafos experientes. O resultado é um olhar atento e curioso.
Foto em comunidade Quilombola foi um dos sucessos de Allan. Foto: Allan Phablo

Mário Gerson – Da Redação Gazeta do Oeste

Tudo começou com uma pequena máquina fotográfica. “A resolução era baixa, mas foi com ela que eu inciei de tudo”, confessa o jovem Allan Phablo, que teve, como muitos de sua geração, o apoio de um dos melhores fotógrafos do Estado, Pacífico Medeiros.

O início foi difícil, mas prazeroso. Primeiro, vieram as fotografias dentro da igreja – Phablo é religioso e gosta de imagens que mostrem esse lado da vida. Depois, o interesse foi crescendo, de tal forma que hoje ele trabalha com a área, mas se diz feliz por não ter perdido, em momento algum, a noção de que a fotografia deve transmitir arte e ser arte.

Durante a Maratona Fotográfica da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Phablo teve contato com Pacífico e outros fotógrafos. “Ele me ajudou muito. Deu-me muitos conselhos e orientações. A partir daí, comecei a me apaixonar mesmo pela fotografia. Hoje, apesar de ainda jovem fotógrafo, penso em enveredar com mais empenho no mundo da fotografia. Coloco, em minhas fotos, minhas experiências como graduado em Ciências Sociais. Quero que minhas fotos revelem esse lado da vida, sejam uma espécie de estudo da realidade, sem perder o teor de arte, que é a própria vida”, fala, emocionado, ao lembrar que muitos momentos já foram vividos nesta ainda recente trajetória.

Sem parar, nunca, de estudar e pensando em complementar a sua formação em Ciências Sociais, Phablo cursa, atualmente, Pedagogia na Uern. “Sou bolsista da Prefeitura Municipal de Mossoró, através da Uern, com o projeto Educarte, que visa atender pessoas carentes e dar aulas de fotografia. Hoje, passo o conhecimento que tenho para outras pessoas. Conhecimento este que já me foi repassado por outros”, diz, feliz, frisando que, no Memorial da Resistência, em breve haverá exposição de todos os trabalhos de seus alunos. “Hoje, trabalhamos quatro modalidades: artes visuais, música, arte cênica e fotografia”, diz.

Sempre presente nos principais eventos da cidade, Phablo destaca que o mercado local é bastante interessante para quem tem um bom equipamento e profissionalismo. “Além de trabalhar com a área, pretendo fazer um mestrado em Antropologia Visual na Ufrn. Fui a campo, já, e pesquisei sobre o assunto. Na cidade, os fotógrafos, de certa forma, têm um bom campo de trabalho. Alguns conseguem ganhar muito bem com a área”, fala.

CAPITAL X FOTOGRAFIA

Para Phablo, o lado ruim de transformar a arte de fotografar em puro comércio é justamente a falta de sentido no fazer a foto enquanto uma composição de arte. “Alguns só se preocupam mesmo em fotografar, entregar a versão impressa e receber o dinheiro. A fotografia, enquanto obra de arte, fica em segundo plano. Quando vejo, nos encontros, o estirão de fotógrafos ganhando dinheiro assim, sem preparo, fico triste. Alguns vendem assim, só apertam o botão e pronto. Alguns até me xingam, dizendo que eu sou rico. Não sou. Arrisco meu equipamento, vou a pé para o teatro, mas tenho todo cuidado de trabalhar minhas imagens, para que elas não percam o sentido por falta de profissionalismo e visão fotográfica”, critica.

Timidamente, o fotógrafo iniciante, mas cuidadoso, diz que tem prazer em fotografar os eventos da cidade. “Sempre estou presente, fotografando, registrando, de maneira séria, com a ideia de fotografia enquanto arte, sem flash, com bom ângulo, enfim… Eu quero compor a fotografia. Os elementos contam histórias. A fotografia conta histórias. É assim que eu penso”, destaca, revelando que pretende, no próximo ano, elaborar um projeto para fotografar expressões dentro de ônibus. “Quero registrar esse cotidiano, essa realidade de maneira natural”, diz.

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