terça-feira, 3 de março de 2020

Professora recebe diploma carregando isopor de trufas que vendia durante o curso em Mossoró, RN

Por Anna Paula Brito, Mossoró Hoje

No dia 4 de fevereiro de 2020 foi realizada a colação de Grau da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Ao ter o nome chamado, umas das formandas arrancou gritos dos presentes quando subiu ao palco para receber seu diploma segurando uma caixinha de isopor. 

Sabrina Rafaela, de 22 anos, agora professora de Letras Espanhol, resolveu que levaria o pequeno objeto para lembrar da venda de trufas que fez durante os 4 anos de curso para conseguir se manter na universidade e ajudar na renda da família. 

Moradora do Piquiri, localizado na Zona Rural de Mossoró, Sarina é filha de Eliana Fernandes C. de Oliveira e Carlos Antonio R. de Oliveira. Com os pais desempregados, Ela decidiu vender trufas para ter dinheiro para chegar até a universidade, cobrir as despesas que fossem surgindo e ainda ajudar nas despesas de casa. 

“Tinha vezes que eu saía de casa e não tinha dinheiro nem pra comprar um lanche, eu tinha que escolher entre comer e tirar xerox, então, quando eu comecei a levar trufas pra vender, acabei tendo dinheiro do meu lanche, o dinheiro de voltar pra casa, de ficar pra estudar a noite…a venda de trufas me ajudou em tudo, literalmente”. 

Sabrina conta que no começou foi muito difícil, vendia pouco e ainda havia pessoas que ignoravam sua chegada. 

“Lembro que no primeiro dia cheguei em casa muito triste e comentei com mãe que não venderia mais, pois eu tinha levado muitas trufas, porém só tinha vendido umas três. Mas o difícil mesmo foi chegar nas pessoas e ser ignorada, tinha gente que já virava o rosto quando eu ia chegar, senti por instante que parecia ser errado ou vergonhoso vender doces para custear gastos e ajudar em casa”. 

Contudo, ela persistiu nas vendas. Conta que percorria os corredores da Uern vendendo os doces e nesse percurso conheceu muita gente bacana e que gostava de ajudar. Com a propaganda ‘boca a boca’, quando menos esperou, Sabrina já estava vendendo trufas, também, na Ufersa. 

Com cada R$ 1,99 arrecadado por trufa, Sabrina conseguiu custear suas despesas, se manter estudando e realizar seu sonho de se formar professora.

“Algumas pessoas questionaram o fato de descer com minha caixa de trufas, talvez elas não entendam que, as minhas xerox, o bus, os eventos, eram pagos por cada trufa deliciosa de R$1,99 que eu vendia. E não há um grão de vergonha nisso. É minha marca. Quando eu assisti esse vídeo, fiquei bastante emocionada, não apenas pelo reconhecimento e carinho das pessoas, mas por lembrar daquele primeiro dia (e de tantos outros que me fizeram chorar ou ser agredida verbalmente por oferecer uma trufa) e sentir-me realizada por pegar meu diploma, junto com o isopor de trufas/bombons que tanto me acompanhou nesse ciclo”, concluiu. 

Em uma postagem feita em sua rede social, Sabrina recebeu inúmeras mensagens de carinho e apoio dos amigos que acompanharam sua trajetória durante o curso e puderam comemorar junto a vitória. 

“Você foi é um exemplo de força, determinação e coragem para todos a sua volta. Você é MARAVOLHOSAAAA”, disse Késia Peixoto. 

Em outra mensagem, Luiz Fernando Medeiros escreveu: “Você é uma pessoa extremamente incrível Sabrina! Mesmo com suas dificuldades e lutas diárias para vender suas trufas, você ainda ajudava quem precisava. E eu já recebi a sua ajuda, e principalmente, o seu carinho, quando não esperava. Isso só mostra o quão incrível você é. Tenho ótimas lembranças com você e se Deus permitir, esperar ter mais. Te desejo sucesso nessa sua nova até profissional que se inicia. Pela pessoa que você é, não tenho dúvidas que vai longe”. 

Hoje Sabrina está dando aulas particulares para alunos que querem aprender um pouco mais da língua espanhola e continua mantendo a renda familiar com a venda de doces por encomenda.

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