sábado, 11 de julho de 2015

Médico mente e leva à quimioterapia centenas que não tinham câncer

Pacientes tiveram sequelas depois de serem submetidos a tratamento desnecessário
Quimioterapia pode salvar vidas, mas pode gerar danos graves se aplicada a pessoas saudáveis. Foto: Divulgação

Nesta semana, dezenas de pessoas compareceram a um tribunal em Detroit, nos Estados Unidos, para testemunhar contra o médico Farid Fata, chamado por alguns de “Doutor Morte”.

Elas chegaram ao local fragilizadas, apoiadas por bengalas, alguns com suas articulações enfaixadas e quase todas exaustas pelo desgaste físico e psicológico causado por anos de quimioterapia. Ali, revelaram um fato aterrorizante: seu oncologista havia mentido para elas, que nunca haviam tido câncer.

Ao menos 553 pessoas se submeteram a este duplo sofrimento (dos efeitos colaterais do tratamento e o fato de acharem que tinham uma das doenças mais fatais do mundo) sem padecer deste mal, segundo a queixa criminal aberta pela polícia federal americana, o FBI, contra Fata.

Durante os testemunhos das vítimas, realizados nesta semana, Fata ficou sentado a três metros delas. Imóvel, escutava enquanto elas contavam sobre o que passaram.

‘Você é um monstro’

“Mesmo que não esteja morta, sou uma sombra do que era”, disse Maggie Dorsey, uma das pacientes. “Há dias em que não consigo nem ficar de pé”. Monica Flagg disse à emissora CBS estar furiosa: “Não posso crer que um médico tenha traído tanta gente desta forma”.

O FBI afirma que Fata não apenas diagnosticou e tratou casos falsos de câncer como também prescrevia tratamentos caros e agressivos a pacientes que estavam em fase terminal e não teriam chances de sobreviver.

“Eu te odeio, Farid Fata”, disse Laura Stedfeld ao médico em tom de voz elevado. “Você é repugnante. Você é um monstro. Evidentemente, é um covarde já que não consegue nem me olhar. Você me envenenou, me torturou e matou meu pai.”

Alguns especialistas que testemunharam diante do juiz Paul D. Borman, na cidade de Detroit, disseram que o médico administrou uma substância chamada rituximab. Ela deve ser aplicada no máximo oito vezes em linfomas agressivos, mas Fata chegou a aplicá-la 94 vezes em um paciente.

As motivações do médico eram claramente econômicas, segundo a denúncia da acusação. Entre 2007 e 2013, Fata apresentou faturas num total de US$ 225 milhões (R$ 725 milhões) ao Medicare, o sistema de seguro de saúde estatal dos Estados Unidos.

Esta fraude era feita por meio da sociedade Michigan Hematology Oncology, que dispunha de sete clínicas no Estado de Michigan.

Fonte: Terra

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