sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Entrevista com a Vereadora Lilia Holanda (PT) de Campo Grande/RN

Entrevista com a Vereadora Lilia Holanda (PT) de Campo Grande/RN em 02 de Dezembro 2016.


1 - Quem é Lilia Holanda? E como foi sua infância?

Lilia Holanda é uma mulher que nasceu na comunidade rural de Bom Jesus, tenho muito orgulho disso, foi uma infância muito feliz, por que foi uma infância que tive a liberdade de brincar, eu fui uma menina meio travessa, de subir em cima de árvores, de tomar banho de açude e de nadar, então graças a Deus foi uma infância muito feliz, Lilia Holanda é uma mulher que desde muito cedo, começou a inquietação sobre a questão da realidade social de que vivia e de que via outras pessoas viverem, eu tive uma infância graças a Deus com muitas oportunidades de estudar, de ter até o que comer, mais vi muita gente que não tinha, eu lembro com muita clareza que na seca de 1993 eu vi gente que fazia uma refeição por dia, isso me deixava muito inquieta com aquela situação, eu também comecei meu trabalho social dentro da Igreja, ainda criança fazendo a 1ª Eucaristia eu lembro que Padre Pedro nas últimas vezes que a gente se encontrou, tivemos a oportunidade de conversar, ele sempre me dizia, “Desde pequena que eu ia trilhar por esse caminho, pois eu já respondia nesse sentido, já era inquieta com relação às questões das perguntas que ele fazia sobre a Igreja e sobre Jesus, mais eu acredito que meu trabalho começou desde ai, desde a infância na Catequese, depois fui para o Grupo de Jovens, muito cedo eu colocava a mochila nas costas e saia e ia para as Pastorais da Juventude em Recife/PE, daqui mesmo no Estado, eu trabalhei muito em Pastoral da Juventude, depois ingressei na Associação, posteriormente fui fazer um trabalho para a Sertão Verde, e dá Sertão Verde estou eu aqui hoje na Política, estreando o meu 2º Segundo Mandato de Vereadora deste município, fruto de um Trabalho que eu acredito, pois esses espaços devem e precisam serem ocupados por quem tem vontade de trabalhar por uma sociedade justa.

2 - Sabemos que o número de mulheres na política ainda é pequeno no Brasil, e nossa cidade é uma das exceções, pois elegeu nesta última eleição 05 mulheres. Como você se sente em ser uma representante das mulheres na política de nossa cidade?

Tá aí uma coisa importante pra ser falado, deixemos claro primeiro que, nem toda representação de Mulheres, representa Mulheres né, a gente sabe que nós vivemos numa sociedade machista e patriarcal e que muitas vezes a gente enquanto mulher ainda reproduz isso, é muito pequeno ainda o número de mulheres na politica, e isso parece que acontece em função de algo ou de alguém, e é disso que a gente tem que tirar essa mistificação de que as mulheres representam a algo ou alguém, as mulheres representam as mulheres e que precisa ter voz ativa em todos os espaços de organização, não só na politica, mais ela tem que está na politica, ela tem que está na Associação, nos Movimentos Sociais, ela tem que ser Juíza, ela tem que está ocupando todos os espaços que são para homens e mulheres, aqui em Campo Grande é importante e sempre a frente nesse sentido, a gente tinha na legislatura passada, que terminou agora recentemente, 05 (cinco) mulheres, está sempre ficando isso, e nesse sentido pra mim, Campo Grande dá um salto na frente da maioria dos outros municípios, por que tem as mulheres olhando pra essa questão da politica pensando na politica que beneficia a todos no modo geral, por que quando a gente se intitula Mulheres Feminista, muita gente acha que Feminismo, são mulheres que querem ser mais do que os Homens, não, ai está a compreensão errada disso, Mulher quer ter o mesmos espaços e os mesmos direitos que os homens, e na politica não pode ser diferente, se tem uma legislação que tem que pensar as leis para nosso País, a lei para o Estado e a lei para o município, tem que ser mais ocupada por mulheres, por que aí tem que pensar também nas mulheres, então é uma coisa importante que aconteça, infelizmente no nosso país o número de deputadas estaduais, deputadas federais e senadoras é muito reduzido, ainda é muito pouco o percentual de mulheres ocupando esses cargos, isso se dá por que não tem uma reforma politica de verdade, por que quando tiver uma reforma politica de verdade, a gente vai perceber que as mulheres irão pensar em se preocupar, quando pensar em campanha vai ter os mesmos direitos, nessa questão do financiamento, por que sabemos que muitas mulheres deixam de ir por que não tem quem financie suas campanhas politicas, não tem como fazer esse trabalho vamos dizer assim: De cuidar da própria imagem das mulheres então é interessante e é importante que a exemplo de Campo Grande o nosso Estado, o nosso País mude, que as mulheres ocupem mais espaços na politica, e pensando em politica é muito importante dizer isso, que é pra pensar em politica de valorização da mulher, não pra continuar um trabalho de homens ou de machismo.

3 - Quais as dificuldades que enfrentou durante a campanha de vereador?

Houve uma mudança forte com relação há 4 (quatro) anos atrás e essa agora, principalmente assim vou falar do meu pessoal, eu antes era solteira e não tinha filho, hoje eu tenho filho, então é mais um diferencial para questão das mulheres ocuparem espaço né, por que eu tive que deixar meu filho em casa pra fazer campanha, eu tive que fazer campanha muitas vezes solitária, mais assim as dificuldades e principalmente ainda é do próprio sistema da politica, de compreender o que é o papel de vereador, eu acho que a gente enfrenta muito isso, quando chega nas pessoas e faz a abordagem, e as pessoas acham que o vereador tem uma função de assistencialismo, quando na verdade o vereador tem uma função bem mais importante para o nosso município, mais que é pouco dito, qual é o verdadeiro papel do vereador, então a gente tem essa dificuldade, outra dificuldade é a que Campo Grande é muito extenso, então a gente não tem como visitar todas as casas durante um período curto da eleição, mais é também uma coisa muito prazerosa por que é o momento que a gente também senta pra conversar e pra ouvir o eleitor, então a dificuldade é grande eu não tive base de recurso pra fazer campanha, tem essa questão financeira que dificulta, tem a questão de muitas vezes de me sentir solitária com relação a isso, mais também tive apoio de muitos amigos da minha família que me apoiaram bastante que nós fizemos um trabalho importante, a minha campanha na eleição passada, foi feita da seguinte maneira, um eleitor convencia o outro eleitor a votar em Lilia Holanda por acreditar que o nosso trabalho tinha sido importante e era importante continuar tendo esse mandato na câmara de vereadores de Campo Grande, e eu só tenho a agradecer a cada eleitor que votou e cada eleitor que foi também meu cabo eleitoral, então agradeço as comunidades rurais do município que de uma forma grandiosa fez um trabalho muito bom e que a gente deu continuidade, até por que eu vim dessa base, base rural. Ainda é muito difícil para a mulher fazer campanha, principalmente por que tem esse preconceito tem essa dificuldade, tem que abrir mão de importantes momentos de convívio com a família, eu tenho um filho de 3 (três) anos, eu tiver que deixar ele em casa para fazer esse trabalho e tem ainda essa parte financeira, e a falta de compreensão por parte de uma parcela da sociedade, que não compreende ainda a real função do vereador, são essas portanto as principais dificuldades que a gente enfrenta.

4 - Por causa das mudanças eleitorais, os candidatos tiveram apenas 45 dias para fazer a campanha. Qual foi o impacto disso em sua opinião?
 
Como eu disse anteriormente, Campo Grande tem um território muito extenso né, então 45 dias tivemos essa dificuldade assim do tempo e do tamanho que é Campo Grande, se você for visitar só a zona rural do município não dá pra fazer em 45 dias se você for pra ouvir pra saber, pra entender e pra ouvir as reivindicações do eleitor, por que os eleitores tem um tempo pra falarem das suas frustrações com a politica, e outra pra reivindicar e pra dizer: você vai para a câmara, mais é importante que você defenda essa bandeira ou aquela bandeira. E se falar na zona urbana a maior concentração de pessoas está aqui, não tem condições de você visitar todo mundo e levar suas propostas, por que eu acho que campanha tem que ser feita dessa maneira, você levar suas propostas, ouvindo as reivindicações, passando qual papel do vereador, mais infelizmente não deu pra dar conta disso tudo.

Por outro lado também é bom, é um tempo curto, mais é um tempo bom também, por que diminuiu significativamente o gasto de campanha, se você for pensar no gasto de campanha, 45 dias foi bom para enxugar os gastos, então teve essa coisa positiva né, mas também tem o lado negativo, que foi o de correr contra o tempo para conseguir visitar o maior número de localidades e eleitores possíveis, tanto na zona rural como na área urbana, mais essa diminuição do tempo não interferiu em nada no sentido de poder fazer uma campanha limpa e bonita, apesar de que não deu tempo de passar em todas as casas dos eleitores, mais a gente fez um trabalho mais de massa então deu condição de falar para um grande número de pessoas.

5 - Como você se sentiu sabendo que havia sido reeleita?

Feliz! Muito feliz! Uma felicidade imensa pelo trabalho que a gente vem fazendo, por que na verdade essa minha reeleição foi à afirmação das pessoas de que o caminho que a gente está trilhando está dando certo, de que os 4 (quatro) primeiros anos que estive ocupando um assento na Câmara de Vereadores, em um mandato popular, defendendo sempre os interesses sociais, foi bem avaliado pela população, e foi avaliado positivamente por que a gente conseguiu ser reeleita, então você foi pra avaliação e nessa avaliação as pessoas aprovaram seu trabalho, e isso é muito bom é muito gratificante, eu costumo dizer que não estou aqui por um projeto pessoal e não quero pensar nisso como um projeto pessoal e sim como um projeto coletivo, de quem começou seu trabalho desde a Igreja Católica, até chegar aos movimentos sociais, sendo que foram esses movimentos sociais quem elegeram Lilia Holanda mais uma vez vereadora junto com a população que compreendeu e avaliou que o nosso trabalho foi feito de forma positiva.

6 - Você acredita estar cumprindo sua missão como vereadora?
 
A avaliação foi feita, eu vou dizer uma coisa de forma muita realista e que a gente tem muitas vezes antes de estar na casa legislativa, eu achava que eu podia fazer muito mais, eu falo isso com tranquilidade, eu achei que quando estivesse ocupando uma cadeira no legislativo municipal poderia fazer muito mais, que eu teria muito mais controle das coisas, até vamos dizer assim do que é colocado até pelo poder executivo e ai a gente vai compreendendo e amadurecendo que não é tanto que podemos fazer mais dentro do que foi colocado pra gente fazer a gente está fazendo, eu espero sinceramente que nesse novo mandato iniciado no dia 1° de janeiro de 2017 eu possa dar continuidade e avançar em muitos trabalhos que iniciei e em outros que ainda nem comecei ainda, mas que eu tinha planejado, mais é importante ser dito que a gente tem um trabalho feito e esse trabalho foi avaliado, então assim, eu cumpri com minha missão, sempre estive a disposição da luta, isso não foi diferente em vários momentos na casa legislativa, de votação, de luta, de briga mesmo, não é a toa que eu fiquei até muito conhecida por essa forma de me expor, de colocar a minha opinião, mais também acima de tudo de trazer o que o povo me colocava como sendo bandeira de luta, como sendo necessário para que a vida dos campo-grandenses melhorasse e avançasse positivamente no sentido do desenvolvimento social para todos e todas.

7 - Fale sobre as ações desenvolvidas durante o seu primeiro mandato

A gente teve algumas ações individuais importantes e tivemos outras ações que foram colocadas de forma coletiva assim no sentido de pedidos de providências e pedidos de requerimentos, que foram desde a construção de uma passagem molhada na comunidade de Milagres por meio da reinvindicação de um morador, a reinvindicações no sentido da melhoria do transporte escolar, que em determinados períodos estava em condições ruins, foram muitos requerimentos apresentados cobrando ações tanto na zona rural como na zona urbana, solicitamos melhorias para a comunidade do Bom Jesus, lutamos pra que medidas concretas fossem tomadas para melhorar o abastecimento de água na zona rural, reivindicamos a melhoria das estradas vicinais, e mais transparência do governo municipal com relação à utilização dos recursos públicos.

Propomos, mais infelizmente não foi aprovada, a implantação de um plano de orçamento municipal efetivamente participativo, a partir das proposições dos conselhos municipais, de saúde, agricultura e demais, pois sabemos que existem em nosso município muitos conselhos, mas infelizmente essa proposição não passou o que considerei um atraso para o município, pois se você for perguntar ao agricultor, assim como a um usuário do SUS ou a um estudante, os mesmos saberão dizer aonde cada setor precisar melhorar.

Outra luta grande nossa foi com relação ao estatuto do servidor, aonde em um primeiro momento o mesmo saiu de pauta para que fosse ouvido mais os servidores, pois havia incoerências que trariam prejuízos para os mesmos, após debates sobre esses pontos prejudiciais ao servidor o mesmo foi aprovado posteriormente, embora ainda precise de ajustes, mas avançamos em alguns pontos.

Outra luta nossa foi com relação à melhoria salarial dos monitores de creche, pois os mesmos ganhavam apenas um salário mínimo e através de uma reivindicação nossa fizemos com que o município passasse a cumprir uma lei municipal e equiparasse os salários desses profissionais aos demais educandos da educação do nosso município.

Outra importante ação nossa foi à defesa dos direitos da mulher, cobramos do poder publico municipal a execução de ações que e as resguardassem da violência domestica e da exploração que é algo que assola o país inteiro, no sentido de que essas ações possibilitassem melhores condições de vida e de dignidade para as mesmas.

Outra questão que gerou bastante debate na legislatura passada foi o projeto enviado pelo executivo municipal de criação da previdência própria do município, onde na oportunidade nos colocamos do lado dos servidores que não aprovavam a criação do plano por entender que traria no futuro prejuízos para os mesmos.

Mesmo com as limitações impostas pelo orçamento municipal, conseguimos ainda inserir no mesmo, medidas que beneficiaram os agricultores municipais, como o corte de terra integral feito pelas máquinas do município para os agricultores.


8 - O que você tem a dizer a todas as pessoas que te apoiaram e votaram em você?

Muito Obrigada! Muito obrigada mesmo! Não tenho outra coisa pra fazer, somente agradecer. Espero sinceramente está cumprindo a missão como vocês me colocaram pra fazer, então só posso agradecer, e pedir que continuem apoiando, e que a luta só começou, a gente tem mais 4 (quatro) anos de mandato, pra gente está lutando junto, nas reivindicações, nas colocações, a gente está aqui a disposição pra trabalhar e o que precisar que povo desejar de luta que seja em prol de um coletivo e não de uma pessoa a gente está a disposição pra fazer.


9 - Você foi eleita pela coligação da oposição que apoiou a candidatura de Manoel Veras. O que espera desse nosso governo?
 
Eu votei e o apoiei, e espero que seja um governo com mais avanços para o município, então espero que esse trabalho que Manoel Veras irá realizar nesse município seja nesse sentido, seja olhando para os mais necessitados, para os mais humildes, dando condições das pessoas de buscar o serviço publico dignamente que não precise de “A” ou “B” pra fazer isso, mais que dignamente às pessoas tenham oportunidade de ter acesso à saúde, a educação, e aos serviços básicos de qualidade.

Com relação à questão da agricultura, que ele dê um olhar especial para a zona rural, que tem vivido tempos difíceis né, por que a gente tem vivido uma seca muito grande, que ele olhe com um olhar especial para a nossa zona rural de Campo Grande, e que olhe para os mais necessitados. Eu espero e acredito que o trabalho de Manoel Veras será voltado para os campo-grandenses mais necessitados de modo geral.

10 – Deixe uma mensagem para o povo campo-grandense

Passados os períodos da comemoração do Natal, das festas de final de ano e início de um novo ano que estamos vivenciando, quero deixar a seguinte reflexão que Cristo veio exatamente para salvar seu povo, não é só salvar e deixar, salvar e nos deixar em grandes exemplos, exemplo de que a gente pode olhar para seu próximo, em pensar que o reino de Deus é construído em comunhão com as outras pessoas e não individualmente, então dessa forma pensar que a solidariedade tem que fazer parte de nosso dia a dia não só no período do Natal mais todos os dias do ano a gente tem que pensar em ser solidário uns com os outros e olhar pro próprio Cristo Deus e construir o seu reino na terra a partir do amor a Deus e ao próximo, que é o maior dos mandamentos.

Dizer que eu espero que 2017 seja um ano de muitas bênçãos, que comece com um bom inverno, desejar uma chuva de bênçãos para todos os campo-grandenses, e por fim agradecer a você Luiz Mirraily administrador do site Portal CG RN pela oportunidade.

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