segunda-feira, 28 de julho de 2014

Criados pela avó: uma relação de carinho e gratidão

Muitas vezes a responsabilidade de criá-los e educá-los é imposta pelas adversidades, mas ainda assim permite uma vivência harmoniosa e cheia de carinho.
A neta Danielle Costa retribui o carinho que recebeu da avó durante toda a vida – Foto Wilson Moreno
Kalidja Sibéria – Da Redação Gazeta do Oeste

‘Filho com açúcar’, ‘Mãe duas vezes’. São vários os adjetivos que são utilizados para a descrição de netos e avós. A relação é diferente, muitas vezes privilegiada, de afeto e cumplicidade. Muitas vezes a responsabilidade de criá-los e educá-los é imposta pelas adversidades, mas ainda assim permite uma vivência harmoniosa e cheia de carinho. Neste dia 26 de julho comemorou-se mais um Dia dos Avós. A data foi escolhida para a comemoração porque é o Dia de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.

A relação entre avós e netos é tão enriquecedora quanto estreita. A velha máxima de que ‘avó deseduca os netos’ nem sempre acontece e a maioria delas discorda da afirmação. Sem dúvida, quando os pais dependem da ajuda dos avós, a criança pode chegar a se confundir sobre qual é a sua casa, porque os avós fazem o papel de pais. Foi nessa ‘confusão’ que o estudante Sávio Mendes decidiu ficar morando com a vovó quando os pais tiveram que sair da casa dela e foram morar em outro bairro. Ele e outros dois irmãos decidiram que não acompanhariam seu pai e sua mãe na mudança e que a sua casa era a da avó.

Morando no bairro Bom Jesus, Sávio conta que seus pais moravam na casa da avó com seus outros dois irmãos, mas decidiram se mudar para o bairro Belo Horizonte. “A gente até foi também, mas depois de alguns dias não nos acostumamos com a nova casa nem ficar longe da minha avó, que eu chamo de mãe também. A gente queria mesmo era voltar, ficar perto dela então resolvemos voltar e meus pais ficaram. Até hoje moramos com ela aqui e eles lá na casa deles”, conta o estudante de 18 anos.

A avó de Sávio, dona Ilná Mendes de Carvalho, de 67 anos, conta toda orgulhosa sobre a escolha dos netos em voltar para sua casa. “A minha maior felicidade é ter meus netos perto de mim. Eles são a minha vida e eu fico cheia de alegria quando estão todos perto de mim. Não quero nem pensar em ficar longe deles. Se avó é ser mãe duas vezes, eu sou mesmo e me orgulho de todos eles, tanto os que moram comigo como os que vivem com seus pais”, emociona-se. Dos três netos que moravam com dona Ilná, um deles já casou, mas comprou uma casa vizinho da avó para não ter que sair de perto dela.

Sávio conta que considera a avó como uma mãe e que não existe espaço para ciúmes na relação com sua mãe biológica. “Minha mãe já se acostumou e não tem ciúmes. Nem meus tios porque também já estão acostumados. Eu amo os meus pais, mas minha casa é aqui com minha avó”. Dona Ilná lembra que quando o seu esposo faleceu há um ano, a relação dela com os netos-filhos ficou ainda mais fortalecida. “Nós ficamos cada vez mais apegados. Eles não querem me deixar sozinha por nada e eu me sinto muito feliz de tê-los comigo agora que fiquei sem o meu marido. Eles são a minha companhia de todas as horas”, conta.

Ela relata que nem só de mimos vive com os netos e que na hora de dar bronca e reclamar por algo que tenham feito de errado, também cumpre a sua responsabilidade de educadora. “Ah, quando fazem coisa errada eu brigo também. Crio eles como se fossem meus filhos e procuro educar como tem que ser. Tenho que ensinar o que é certo para que no futuro sejam pessoas de bem. Mas esses meus netos são bênçãos. Nunca nenhum deles levantou a voz para falar comigo nem me desrespeitou”, orgulha-se.

Perguntado sobre o que mais gosta na avó, Sávio não se intimida nem tem dúvidas: “Gosto de tudo nela! Nunca vou deixa de morar com ela!”.

Para a psicóloga infantil Érika Pedrosa, quando se trata da relação entre a criança, pais e avós, os pequenos podem ficar confusos se não houver uma clara delimitação de papéis se a situação não for abordada de uma maneira real, onde normalmente os avós cuidadores criam histórias a respeito dos pais para justificar a ausência desses, “mas se houver um bom diálogo, com a real situação que levou a essa criação por parte dos avós, não haverá sérios prejuízos”, diz.

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