quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Jovem de Caraúbas aprovado em medicina na UFS trabalhava como garçom para pagar cursinho online

Paulo Josenberg Praxedes de Oliveira, de 22 anos, foi aprovado para o curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O resultado saiu nesta terça-feira (22/2), quando o MEC divulgou a lista de convocados via SiSU.

Filho da dona de casa Ana Lúcia Praxedes e do churrasqueiro Paulo Josimar, ele é natural do município de Caraúbas, na região do médio oeste do Rio Grande do Norte. Paulo é mais um exemplo de que persistir na educação gera bons resultados na busca de seus objetivos.

Aluno de escola pública durante toda a vida, ele concluiu o ensino médio no ano de 2017, no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), campus Apodi.

Conta que sempre admirou a profissão de médico, mas que acreditava ser um sonho impossível para ele. “Então eu nem cogitei”, disse.

Ao concluir o curso no IFRN, foi aprovado em arquitetura na UFERSA de Pau dos Ferros. Chegou a cursar por um ano e meio, mas percebeu que não era aquilo que queria.

“Então em 2019 eu voltei pra casa e comecei a estudar pra Medicina. Escolhi medicina porque vejo nessa profissão uma possibilidade de ajudar as pessoas, minha família e fazer o bem. E eu adoro Biologia também, não me vejo fazendo outra coisa”, explica.

Paulo conta que passou a estudar com ajuda de um cursinho online. No entanto, em 2021 as coisas ficaram difíceis na casa dele e ele precisou começar a trabalhar como garçom para continuar pagando o cursinho e também a internet.

“Eu levantava às 7h, estudava das 8h às 22h, de março a novembro. Aí tinha as pausas do cursinho pra descanso e o almoço e lanches. Trabalhava sexta, sábado e domingo como garçom. Das 15h da tarde às 22h. Nesses dias, eu estudava das 8h às 15h e das 22h às 0h. Foi assim que me virei”.

Ele conta que nesse mesmo período, devido aos problemas financeiros, os pais tiveram que vender a casa, mas o comprador permitiu que ele ficasse morando no local até novembro, período pós Enem, para não atrapalhar seus estudos.

Diz que foi uma fase muito difícil, mas que ele nunca se deixou abalar por esses problemas. “Hoje moro com minha vó e minha mãe, porque estamos sem casa”, diz.

Questionado sobre como será a ida para Sergipe, ele diz que ainda não pensou em nada, mas que sabe que a família terá que ajudar, a princípio, com as passagens e com algo para ele se virar por lá no começo, mas que pretende “aproveitar tudo que o Governo oferecer”.

“Até agora eu só passei! Estou sem nenhuma previsão de moradia. Pretendo tentar bolsa de residência acadêmica. E tentar ganhar auxílios. São as minhas possibilidades”, diz.

Ao comprador da casa que permitiu que ele continuasse estudando no local até o Enem, deixa uma mensagem: “Eu não tenho nem palavras para agradecer a ele. Ele foi gentil e entendeu demais. Essa ajuda foi crucial, porque se eu tivesse me mudado, tinha mudado toda minha rotina, talvez eu nem tivesse conseguido a aprovação. Eu não esqueço de quem me ajuda. E futuramente eu pretendo retribuir e ajudar a todos que me ajudaram, inclusive ele”, concluiu.

Mossoró Hoje

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